domingo, 19 de dezembro de 2010

Para uns, aquilo era pra chamar atenção.

Para outros, era apenas mais uma criança bagunceira. Uma mancha de chocolate no banco do carro, um chiclete grudado na carteira da escola, um desenho a giz no meio da rua... Para ele, era simplesmente uma necessidade de deixar marcas por qualquer lugar que passasse. Uma dedada no bolo de aniversário, um risco na capa do caderno de alguém. Qualquer coisa servia.

Conforme cresceu e amadureceu, apenas deixar qualquer marca não o satisfazia mais. Ele não seria lembrado. Assim como a história da árvore que cai sem ninguém ver, de nada adiantava ele deixar sinais se ninguém saberia.
Então ele começou a deixar coisas que as pessoas realmente lembrassem. Uma gorjeta um pouco maior para o garoto do semáforo, um presente melhor elaborado para o aniversariante, um sorvete para a menina bonita... E ele viu que, fazendo coisas realmente agradáveis, as pessoas se lembrariam melhor. E ele viu, para o seu espanto, que não precisava deixar sinais materiais. Acompanhar uma senhora até o seu destino, abraçar um homem doente, ouvir os problemas da menina bonita, ouvir os problemas da menina feia...
E ele era sempre lembrado por onde quer que passava.

E ele foi crescendo. E, junto com ele, cresciam seus sinais. Um carro novo para a mãe, o financiamento de uma nova ponte, a fundação de uma instituição beneficiente...
E ele também deixava marcas aparentemente pequenas, mas que para ele eram de vital importância. Jogar damas semanalmente com os idosos da praça, estacionar o carro de alguém numa vaga difícil, comprar um peixe para o aquário do sobrinho.

E ele foi ficando cada vez mais velho. Agora muito sábio, preparou-se para deixar seus últimos sinais no mundo.
Ter um filho...
Repassar o segredo de seu sucesso...

Ensiná-lo que os sinais não precisam ser materiais.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Lembra se puder...

Com muita frequência lembro dos meus sonhos. Gosto de pensar que isso duplica meu tempo de vida, já que se eu não lembrasse deles o tempo em que eu estou dormindo passaria em branco.
Muitas vezes eles são conectados, muitas vezes em um sonho eu tenho memória de outros anteriores mas não lembro do mundo real. Aliás, meus sonhos são uma grande parte de mim que eu contei com detalhes pra poucas pessoas.
Essa é uma história que alguém me contou num sonho, do jeito que consigo me lembrar agora. Enquanto ele contava, a história se passava diante dos meus olhos:



Um pai tinha um filho cego e uma filha com visão normal. Acho que o cego era mais novo, mas não tenho certeza. Ele passou por uma vasta planície laranja com eles. Tão vasta que era difícil ver o fim. Como um oceano de grama alta.
Lá, a filha perguntou:
- Pai, como você não se perde por aqui?
O que ele respondeu me escapa da memória agora, mas acredito que era importante.

Um dia, o pai precisou se separar dos filhos e ir sozinho praquela planície. Em meio a tristeza da separação, a filha perguntou:
- Pai, e se a gente precisar de você enquanto você está fora?
- Vocês são perfeitamente capazes de se virar sozinhos enquanto eu estou fora, meus filhos. Mas, se precisarem de mim, eu tenho certeza de que conseguirão me encontrar.

O pai foi embora e o tempo passou. Em determinado momento, os filhos precisaram dele. Eles saíram para procurá-lo e se depararam com a grande planície.
A filha não sabia o que fazer e sentou para chorar.
Mas o filho não. Ele puxou seu violão e começou a tocar serenamente. O tempo passava e o braço dele cansava, mas ele não parava de tocar.
- Por que você tanto toca, irmão?
- Se eu tocar bastante, a música vai chegar no nosso pai e ele nos encontrará.

A filha achou isso muito bonito, mas se encheu de tristeza. Como o seu irmão era cego, ele não sabia quão vasto era aquilo tudo. Ela tinha certeza de que o pai nunca os ouviria.
Porém, a planície era muito silenciosa.



Eu não lembro o fim da história, mas lembro que ele era feliz a seu modo. Tinha uma lição muito bonita que eu tenho certeza que aprendi, mas não consigo lembrar agora.
Esse sonho eu tive a muito tempo. Eu lembrei dele porque, agora há pouco, deitado na cama, tive um sonho de alguns segundos em que esse garoto cego tocava na planície. Quando essas coisas acontecem é melhor registrar logo porque sonhos não costumam durar muito tempo na memória recente se você não passá-los rápido pra memória a longo prazo.

Desculpem se esse post não fez muito sentido.

Canta uma canção bonita falando da vida em ré maior.

Sem o compromisso estreito de falar perfeito, coerente ou não.

Não é só bonito, como nostálgico.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sexagésimo sétimo

Eu já cheguei a comentar sobre a Mika aqui recentemente?
Estamos nos falando normalmente. Hoje ela tá namorando com um grande amigo meu e as coisas não poderiam estar mais calmas. É engraçado como o mundo dá voltas, né?

Tô postando de novo porque eu tava vendo o blog dela e me lembrei de um fato esquisito.
No tempo em que namorávamos, antes até de todas as tretas e separações (ou entre elas, não lembro), ela tava aqui em casa reclamando das fotos que eu insistia em guardar.
Eu dizia que eu gostava de ter lembranças. Que não tinha mal algum em guardar um número enorme de fotos e pá. Mas ela ficava realmente revoltada com isso. Queria que eu apagasse as fotos. Por um brevíssimo momento eu cheguei até a pensar que era eu o errado da história, imagine.

Bom, o link que segue vai explicar sozinho a que ponto eu quero chegar. Vide o último post do blog dela: http://mikamc.blogspot.com/2010/10/sexagesimo-setimo.html

Esses artitas... Vai entender!

Pequenos tesouros

Eu fazia ninjutsu. Meu sensei, um armário que já passou por um monte de coisa, disse algo interessante logo no primeiro dia de treino.
"A sabedoria está na forma de pequenos tesouros escondidos em toda a parte. Durante a vida, você tem que estar sempre atento pra não deixar esses tesouros escaparem da sua vista."
Eu já sabia disso na hora. Mas é sempre bom ouvir de uma pessoa experiente.


Semana passada eu ia voltar pra casa e comer alguma coisa rápida na frente do computador. Esse seria meu almoço, mas meus planos foram mudados.
Parei pra bater um papo com o Mateus e logo eu estaria lá sentado na calçada com ele almoçando marmita com colheres de sorvete. Com colheres de sorvete porque eu esqueceria de trazer os talheres de plástico do restaurante, pasme só.

Mas o que eu vou relatar aconteceu antes de eu decidir comprar o almoço dele.
Estávamos conversando embaixo de um sol desgraçado. Ele já alcoolizado, como o esperado. Eu resolvi comprar uma coca-cola pra cada, mas ele preferiu um suco de limão.

Quando dei o suco pro Mateus, ele agradeceu a seu modo. Foi basicamente do mesmo modo que agradece à pessoas que dão esmolas pra ele:

- Deus te abençoe!

Isso me deixa meio encurralado. Eu não me sinto a vontade quando pessoas crentes disperdiçam suas bençãos em mim, dada a minha descrença. Minha criação religiosa ainda me persegue, afinal de contas.

- Ora... Nem precisa disso. - Eu tentei me esquivar sem precisar dizer que era ateu. Essas coisas geralmente culminam em tentativas de conversão.
- Ué, mas como assim não precisa disso? - Ele falou rápido, daquele jeito de velho bêbado.
- Ah, foi pouca coisa. Não é pra tanto, né?
- Ora, mas Deus não pode abençoar por qualquer coisa?
- Bom... Sim. - É, pode mesmo. Já me ensinaram isso no fundamental.
- Ora, mas qualquer coisa e pouca coisa é a mesma coisa!

Putz, isso foi profundo. E ainda mandou um daqueles "AHÁ!" como se tivesse me pegado dessa vez. E pegou mesmo.
Pequenos tesouros escondidos em toda a parte. Quem diria?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Orientações para a prova

Sobre a segunda fase do vestibular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro:


A prova terá início às 9 (nove) horas e duração de 5 (cinco) horas. 


Não será permitida a entrada de candidato após o horário estabelecido para o início da prova; neste caso, o candidato será considerado eliminado do Vestibular Estadual 2011.

Nas salas de prova não será permitido aos candidatos portar arma de fogo, fumar, usar relógio digital ou boné de qualquer tipo, bem como utilizar corretores ortográficos líquidos ou similares.

Nas salas de prova não será permitido aos candidatos portar arma de fogo

portar arma de fogo

arma de fogo

Mas tinha que ser, ein!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

As três palavras que proferi

Queria dizer uma coisa...

Às vezes vai parecer que ninguém dá atençao pra você e pros seus problemas. Você pode se sentir sozinho e abandonado, mas na verdade nao é bem isso.

Assim como você, todos têm suas próprias cicatrizes e histórias tristes. Cada um está convivendo constantemente com seus próprios pesos e fantasmas.
Se alguém achar um espaço pra se preocupar com os seus problemas junto com você, isso por si só é algo especial.

Nós todos estamos no mesmo barco. Ninguém tá sozinho.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

"Você é amigo de verdade, cara"

Para quem tenha tomado minha preocupação como sua, uma boa notícia:
O Mateus voltou.

E já tá bebendo de novo, aquele lazarento!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

192

Um velho sulista negro com uma barba digna de um capitão pirata e um chapéu vaqueiro de couro. As mãos dele são mais duras que a sola do meu pé (que não deixa a desejar nesse quesito) e ele tem as duas pernas fodidas, por isso precisa de cadeira-de-rodas. Com um punhado de dentes faltando e uma bocarra gigantesca quando abre, a risada dele é absolutamente contagiante. Parou de beber há duas semanas e isso sem dúvida fez diferença no seu hálito.
Esse é o Mateus. Eu não sei se ele tem casa ou não, mas ele costuma ficar perto de uma barraca de frutas do lado de onde eu estudo. Sempre que eu passo e ele tá lá, paro pra bater um papo com o cara.

Outro dia ele tava meio desanimado, disse que tava com alguma coisa doendo na barriga. Falou que tinha ligado pro SAMU vir buscá-lo, mas eles não vieram. Disse que ia juntar uma grana pra pegar alguns ônibus com acesso especial e ia sozinho pro hospital. Eu falei que não e liguei pro SAMU do meu celular, dando uma apressada neles.
Disseram que não vieram antes porque todas as unidades tavam ocupadas, mas que já estavam a caminho.

Isso já faz quase uma semana. Não vejo o Mateus desde então.
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

'bout the sky

Deitado a quase 300 metros de altura, percebi como ando sozinho no mundo.
Sentado, notei que não é bem assim.

Resolvi arranjar uma pipa.
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domingo, 31 de outubro de 2010

Eu sou você amanhã

Todo mundo tem uma relação com o seu eu do passado. Quando, por exemplo, chega uma amiga sua e te manda uma foto dela semi-nua e diz "Olha como eu era fútil e retardada antigamente. Nossa, que vergonha de mim mesma". Ou quando você vai estudar um fichário antigo e abre ele já desesperançado, pronto pra passar horas procurando a matéria no meio de toda a desorganização, e tem a feliz surpresa de que no passado você acordou de boa vontade e deixou esse fichário com tudo no lugar.

O passado está nos perseguindo em toda a parte. Não podia ser diferente com nós mesmos, que estivemos em vários dos lugares que estamos agora ou voltaremos a estar em breve.

Agora, mudando um pouquinho o parâmetro...
Eu, pessoalmente, prezo muito o meu eu do futuro. Entendo que ele provavelmente será mais sábio que eu e, invariavelmente, mais experiente. Por isso, tento tratá-lo bem. Isso consequentemente acabou melhorando minha relação pessoal com meu eu do passado.
Por exemplo, as vezes eu tenho uma moeda sobrando e escondo ela no fundo do bolso de uma mochila que uso raramente. Assim no futuro terei a feliz surpresa de achar uma moeda.

Agora estava eu aqui com sede pensando em encher de novo o copo vazio em cima da mesa quando, pasme, noto que ele ainda está cheio até a metade. Fiquei muitíssimo feliz com o meu eu do passado, que preveu a situação e economizou um tanto de água pra mim.

Se eu pudesse, apertaria a mão dele.



sábado, 17 de julho de 2010

Eu não entendo isso...

Nessa vida temos oportunidades de conhecer algumas pessoas realmente sábias. Uma delas, sem dúvida alguma, é o Dag. Esse velho pródigo me ensinou desenho desde quando eu tinha 10 anos até o ano passado.

Outro dia eu tava visitando uns brothers no Parque Prado quando me ocorreu que eu devia ir visitá-lo, ver como é que anda. O Preto, rapaz maior de idade com carrão, me deu uma carona até lá.
Putz, foi da hora. Dentre várias conversas, falamos também sobre o filho dele, o Danielzão. O cara pula de uma arte marcial pra outra, ganha um campeonato aqui, quebra o nariz ali...
Hei que o grande Dagoberto me manda uma pérola:
"Eu não entendo isso... Mas ele gosta mesmo é de luta, fazer o quê? Eu, por exemplo, gosto de torta de framboesa."

Um gênio. Um verdadeiro gênio.




"... do piscar dos cílios que o convite do silêncio exibe em cada olhar..."

A última vez que eu tinha chorado, aconteceu mais ou menos aos oito anos. Meu pai tava correndo atrás de mim e gritando com um chinelo na mão, eu me tranquei no banheiro e chorei de pavor.

Depois disso, foi ano retrasado com minha primeira e, ao menos até então, única namorada. Término, coisa e tal. Quebrou meu tabu e eu chorei feito uma moça. Chorei horrores, daquilo de vazar meleca do nariz e eu não notar.
Chorei de novo ocasionalmente por meses depois, devido às memórias doloridas. Normal, espera-se isso de um término conturbado de um adolescente melodramático.
Mas depois disso eu nunca mais fiz questão de segurar choro.

Chorei assistindo Up... nas duas vezes.

Fui no show do Nando Reis enquanto estive lá em Volta Redonda, RJ.
Show muito bom, músicas muito boas. Várias músicas legais que eu adorava e não sabia que eram dele.
Até que ele cantou uma nova chamada "Pra Você Guardei o Amor". Enquanto ele cantava, sozinho no meio do palco com o violão, atrás dele passava num telão várias pessoas no mute mandando mensagem pros seus amores. Seja com mimicas, seja com internas, seja com objetos ou plaquinhas.
Chorei. E não é por ser uma música melosa e me lembrar de alguma coisa. Não me lembrou de nada. Chorei tocado pela fofura de todos aqueles apaixonados.

Hoje assisti Toy Story 3. Chorei de novo.

Já sou praticamente uma moça formada!



sexta-feira, 9 de julho de 2010

"I'm a little bit confused bout the sky."

Me deu vontade de escrever um post daqueles cheios de sentimento, que transmitem pros leitores exatamente o que eu gostaria de botar pra fora e deixa eles tão pensativos quanto eu.
Um post nem tão meloso, nem tão utópico. Algo suficientemente realista, que mostrasse uma daquelas coisas interessantes e reais do mundo, da vida ou dos dois.

Queria vomitar palavras aos montes que me deixassem satisfeito no fim, com a cabeça mais leve por ter dividido o que tava me encucando. Queria ser o mestre da expressão.
Queria que todos vocês entendessem automaticamente, nos mínimos detalhes, o que antes só ocupava a minha mente e a de mais ninguém.

...

É, acho que ficou bom.



quinta-feira, 24 de junho de 2010

You can make it all true and you can make it undo

Gostei muito dessa música porque ela espelha muito bem meu modo de ver as coisas.
As vezes as pessoas não entendem quando eu tento explicar que as coisas mais complexas poderiam ser simples demais. Aí me vem uma música com uma letra aparentemente retardada que, na verdade, explica em todos os detalhes o que eu acho das possibilidades que todas as pessoas tem.
Não, eu não tô drogado. Tô falando sério mesmo.




Well, if you want to sing out, sing out
And if you want to be free, be free
'Cause there's a million things to be
You know that there are

And if you want to live high, live high
And if you want to live low, live low
'Cause there's a million ways to go
You know that there are

Chorus:
You can do what you want
The opportunity's on
And if you find a new way
You can do it today
You can make it all true
And you can make it undo
you see ah ah ah
its easy ah ah ah
You only need to know

Well if you want to say yes, say yes
And if you want to say no, say no
'Cause there's a million ways to go
You know that there are

And if you want to be me, be me
And if you want to be you, be you
'Cause there's a million things to do
You know that there are

Chorus

Well, if you want to sing out, sing out
And if you want to be free, be free
'Cause there's a million things to be
You know that there are
You know that there are
You know that there are
You know that there are
You know that there are

domingo, 20 de junho de 2010

Garota Radical VS Espírito Santo

O site Vagalume criou uma brincadeirinha interessante. Eles colocam seleções de gêneros musicais para disputar em "jogos", numa alusão à copa do mundo.
Os jogos consistem em um gênero de cada lado e a galera votando pra eles descobrirem qual gênero é o mais querido pelo povo brasileiro.

Quando me mandaram o link para votar, era Rock Nacional versus Gospel/Religioso.
Por Rock Nacional você pode ter pensado em Legião, Capital ou o caralho a quatro. Não, nada disso.
A dita "seleção escalada" trata-se de Fresno, Pitty, NxZero, Strike, Restart, Cine, Forfun... Em resumo, a decadência encarnada da nossa geração.

Aí eu notei uma coisa triste.
Colocaram Fresno contra Deus. E, cara, Fresno tá ganhando.
Hora de acordar.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

'Cause everything is never as it seems

Ok, eu me rendo. É mesmo uma música muito boa. :~

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Te segura, te segura...

Tive um dia interessante hoje. O post que se segue pode parecer um diarinho, mas na verdade existem algumas mensagens que eu gostaria de passar a partir das coisas que me aconteceram. Não que elas sejam importantes ou úteis, mas com certeza são mais interessantes que uma mera narração tonta de um dia na rua.


Depois de várias semanas marcando de me encontrar e me enchendo de canos, minha amiguxinha Mazinha (diga-se de passagem, uma delícia de pessoa em vários sentidos) finalmente apareceu num programa. Ela me levou, pela primeira vez em minha vida, a um restaurante vegetariano.
Ok, eu devo admitir que um monte de mato é capaz de ter um gosto saboroso e que dá pra encher o estômago sem qualquer grama de carne. Posso admitir, inclusive, que carne de soja não é tão ruim assim. Não se compara a verdadeira, mas dá uma enganada.
Porém, como disse o grande Vinícius de Moraes... "As vaquinhas que me perdoem, mas carne é fundamental". Bom, se não foi isso foi algo parecido e igualmente importante.
Sei que com esse trecho do post eu posso estar atraindo uma série de inimigos e guerrilheiros verdes, mas eu juro que não é de propósito. Eu gostaria muito de viver em harmonia com os vegans de extrema esquerda desse país, mas eles são muito agressivos! Aliás, verdade seja dita, os tempos mudaram. Hoje em dia se você é hétero, comedor de carne ou qualquer outra coisa que antigamente era considerado óbvio, é discriminado como um monstro nazista. Estamos perdendo a liberdade de escolha nesse mundo ao avesso, pô.

Barriga cheia de mato e queijo, tivemos um breve encontro com Faifaizera e acabamos nos separando. Por algum motivo que eu não consigo aceitar, a Mazinha não queria que a gente a ajudasse a escolher calcinhas na loja de roupa.
O Faifaizox me acompanhou até o posto de saúde, onde eu supostamente tomaria a minha vacina contra Gripe Suína, mas eu o dei liberdade moral para me abandonar quando vieram avisar que o carregamento de vacina tava uma hora atrasado.
Mas o ponto não é esse. Infelizmente, esse tipo de coisa é normal por aqui.
O ponto é que a fila da injeção, no último dia de vacinação grátis, era minúscula. Caramba, no último dia de tirar o título de eleitor a fila era quilométrica, avançava quarteirões. Pra votar no Zé Bizoio só de sacanagem a galera sai de casa, mas pra própria saúde não vale tanto a pena. Fiquei um tanto indignado, mas ao mesmo tempo aliviado.
No fim das contas não acreditaram que eu era um asmático, descrentes! Quando for visitar os milicas, vou levar um atestado pra não cometer o mesmo erro.

Oficialmente marcado pra morrer de gripe, sem qualquer mão amiga do governo para me socorrer, passei numa lojinha (onde encontrei o Fai de novo. Caceta, que cara onipresente) e comprei um cata-ovo. Puxa vida, quando um homem escolhe um artigo esquisito, aquilo passa a fazer parte dele. Aquele tipo de coisa que faz uma pessoa se sentir pelada se ela não estiver usando, sabe? Eu tinha um cabelo esquisito, troquei por um chapéu um pouco menos esquisito, mas estava sem ele há mais de um mês.
Eu tinha esquecido que eu tava me sentindo pelado até me sentir coberto de novo. Puxa vida, como é bom ter um chapéu na cabeça. O meu preferido o Fai ainda não devolveu, depois de uma festa esquisita cujas consequências repercurtem até hoje.

Mas se teve uma coisa que realmente marcou meu dia, foi o cara do cachorro-quente. Todo bom campineiro sabe do que eu tô falando quando eu cito o tal cachorro-quente da Prefeitura. Se você é campineiro e ainda não comprou aquilo, meu irmão... Tá esperando o quê?
É bom, é barato e é fácil de achar. Se tem uma coisa que eu me arrependo, é de não ter começado a comer lá antes.
O ponto é que o cara que me vendeu os cachorros-quentes por todo esse tempo é um baita piadista. Depois de ganhar certa intimidade, ele nunca perdia uma chance de sacanear a mim e a galera que ia comprar comigo.
"Saindo o cachorro-quente sem salsicha que você pediu... Não não, você pediu sem salsicha que eu me lembro bem. Agora vai ter que pagar, eu já fiz."
"Hahaha, relaxa. Eu tô brincando de novo. Eu gosto de brincar bastante, mas o meu irmão gêmeo que as vezes ocupa o meu lugar é bravão. Nós somos tão parecidos que você nunca sabe quando sou eu ou ele."
"Ué, você pegou o katchup? Isso aumenta em dois reais. Se tá escrito aqui? Ah, não tá não. Eu esqueci. Bom, mesmo assim aumenta, é claro."
"Ei, ei! Você tá esquecendo de pagar. Não, eu tenho certeza de que você não pagou. Não não, não lembro de ter dado o troco coisa nenhuma. Você tá querendo me roubar?"

E o desgraçado é tão convincente que as vezes ele realmente te modifica a memória recente, só revelando a brincadeira quando você já tá pagando pela segunda vez.
Pois é. Tava passando por lá hoje, a caminho do ponto de busão, quando me deparei com o cara do cachorro-quente carregando um saco de lixo. Notando a fila da barraquinha, eu dou uma espichada pra olhar lá dentro e, puta que pariu, é o cara do cachorro-quente lá vendendo cachorro-quente. O lazarento realmente tem um irmão gêmeo mal-humorado, e cada fio de cabelo é idêntico!
Talvez isso exija uma mente muito aberta pra entender porque eu achei graça, mas o fato é que eu fui o caminho inteiro até em casa rindo sem parar. A vida, apesar de certas peculiaridades inconvenientes e injustiças gritantes, tem um lado engraçado, que dá um ânimo extra.
Ultimamente eu tava meio pra baixo e pá (inclusive comentei há uns dois posts atrás), talvez eu ainda esteja. Mas esse fatinho banal realmente deu uma animada.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Campinas é destaque em feira de ciências nos EUA

Aquela tábua corrediça da escrivaninha do computador estourou repentinamente e levou meu teclado de bico pro chão. Por consequência, deu um puxão tão violento na CPU que ela apagou e não ligou de novo de jeito nenhum. Paralelamente, meu quarto não tem TV a cabo porque eu tô sempre no computador e disse pro meu pai que não fazia questão disso, pois não vejo televisão.

Onde eu quero chegar com isso? Bom, ontem a noite tava eu lá deitado assistindo um documentário na Cultura sobre a lua. Caramba, é muito interessante. Sabia que os Estados Unidos, antes de mandar a Apollo 11, enviou dezenas de mini-foguetes kamikaze pra lua que, em rota de colisão, filmavam a superfície dela? Os vídeos são basicamente uma aproximação geométrica, culminando no impacto e destruição da maquininha. Bacana pra caramba.
Então, em dado momento o narrador do documentário fez um comentário interessantíssimo, abordando um ponto de vista que eu jamais tinha parado pra reparar. "Enquanto os tripulantes da Apollo 11 transmitiam ao vivo em rede internacional, o mundo agora unido por um evento extraordinário olhava para a lua com outros olhos. Eles olhavam sabendo que, naquele exato momento, haviam duas pessoas ali olhando para eles também."
Porra, show de bola. Deve ter sido mesmo muito bacana estar lá presenciando isso.

Me lembrou da notícia do jornal que o Marms me mostrou ontem. Digo, o Fredão já tinha ligado pra comentar, mas o Marms chegou com a matéria na mochila e esticou ali em cima da mesa. O Alejandro, aquele argentino abobado de moral deturpada que todo mundo conhece, ganhou não apenas o primeiro prêmio na feira de ciências da escola, como também uma congratulação de oito mil (não sei se são dólares ou reais) e o direito de ter o seu nome batizando um asteróide recém-descoberto, cedidos pela comunidade científica.
Sabe, o engraçado é que ano passado, numa bela tarde nos encontrando no shopping (nossa, agora eu só piso lá de semestre em semestre), ele havia comentado algo a respeito dessa feira de ciências. E, pelo que ele falava, eu jamais diria que ele ia merecer ter o seu nome num asteróide.

Eu penso cá com meus botões. Em algum lugar lá em cima tem a porra de um asteróide andando a esmo e, ok, ele não sabe disso, mas tem o mesmo nome e sobrenome que um dos meus amigos próximos. Se um dia eu me pegar caminhando pelo espaço, vou bater com ele e falar "Eae, Alê!".

Bom, o preço do etanol será reduzido em 8% por culpa desse humilde projeto de ciências. Quem diria, né? Mundo engraçado. Agora você procura na internet por "Alejandro Escaffa" e o Google ainda te corrige, mostrando a grafia correta do sobrenome dele.
E eu aqui olhando pra cima e me perguntando se um dia a gente vai ver esse tal asteróide argentino.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O Chico falou que a Rita levou o sorriso dele e o assunto...

Pô.
Super-mercados me deixam maior pra baixo. Sempre me pego pensando nas merdas da vida quando tô num desses sem fazer nada. Quando a música é boa, daquelas de deixar na bad, me deixa mais bolado ainda. É quase um transe, saca?
Quando a música é ruim eu fico só perturbado, mas é melhor do que toda aquela bolação.

Tô meio azul ultimamente. Tá na hora de chamar uns bests e ver quem aparece pra melhorar meu humor, vish.



Pronto, foi um diarinho pequeno. Nem aluguei tanto assim o tempo de vocês, vai!

sábado, 8 de maio de 2010

Does it scrobble? Yes! It does!

Agora eu tenho um Last.FM, acreditam?
Tô na moda, vai zuando.

Não, sério. Fui seriamente influenciado a tal, aí fui e fiz. Não custa nada mesmo, não perco nem um minuto, então beleza.

Fiquem a vontade para descobrir o meu gosto musical. O fato de a maioria dos artistas mais ouvidos ter a foto em preto-e-branco é só uma grande coincidência.


The barber can give you a haircut...

Meu barbeiro - e digo meu barbeiro porque é o meu preferido. Eu nem sempre corto o cabelo com ele, na verdade, por causa do preço - fala pelos cotovelos. Minha nossa, como aquele homi fala.
Devo admitir que ele fala bem. Ele tem um jeito coeso de expressar ideias complicadas e vai discursando de um jeito carismático, bem de barbeiro mesmo. Talvez seja a experiência.
Afinal, falar é o que ele mais faz. Do momento em que eu entro até a hora que eu saio (que pode levar bem mais que um corte, porque eu fico lá falando com ele por um tempão depois disso) ele simplesmente não tem pausas. É como um monólogo.
Não que seja desagradável, de forma alguma. Eu gosto de ouvir também. Mas eu não sei se ele acha que eu falo pouco ou sabe que é ele quem fala muito. Nem vou perguntar.
Mas o ponto não é esse. O ponto é ver como algumas pessoas lá fora são simplesmente impressionantes.

Hei que dia desses eu tava lá fazendo a barba quando ele me conta que é um advogado (OAB e tudo) e já tá terminando a pós-graduação. Me contou até sobre alguns casos que ele já defendeu. "Aí sim, fomos surpreendidos novamente", diria o velho Zagallo.
Isso explica a desenvoltura dele, imagino.

Mas aí eu me pergunto por que diabos o cara tá lá, fazendo barba. Ele disse que separa o tempo entre o escritório e a barbearia. Mas mano, um escritório de advocacia é tão pacato assim, a ponto de ele precisar continuar cortando cabelos?
A partir desse ponto, chegamos a duas possíveis conclusões:
A) O mercado de Direito é, de fato, superpovoado e não vale a pena enveredar para essa área.
B) Ele ama o trabalho dele.

Eu sei que é poético demais pra acreditar, mas eu estou propenso a crer na conclusão B. Por coincidência, ouvi dia desses que apenas 25% dos formados em Direito passam no Exame da OAB, o que me leva a crer que o mercado não é tão saturado quanto fazem parecer.

E é por isso que eu tenho grande admiração pelo meu barbeiro. Ele diz que já perdeu o encanto colorido da vida e nem tudo são rosas, mas acho que as vezes ele esquece de olhar no espelho. O cara tem uma mulher e dois filhos que ele ama, exerce duas profissões que ele curte (uma por razões humanitárias e a outra por apego, imagino) e tá sempre todo simpático, todo solícito. Sei lá mano, mas eu acho que esse é um exemplo de sucesso na vida. Mas quem poderia saber, né?

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer.

Escreverei um post exclusivamente para a Fabrícia, que veio me cobrar hoje.
Ela tem um blog super sentimental e melado onde trata de amores, amizades e toda essa viadagem indispensável.
De tudo o que eu li, concordei com cada palavra. Porém, devo admitir que o visito pouco. Aquilo tudo me deixa meio pra baixo.

Tratarei então de um assunto que, acredito, nunca tratei nesse blog. Talvez agrade minha mais nova leitora (R)
Minha visão do amor. Lembrando que nada aqui é a verdade universal. É só o que eu acho.
Pode ser? Vamo lá.

Pra começar, amor e paixão são coisas totalmente diferentes. Vamos deixar isso bem claro aqui.
Paixão é o desejo. Aquela vontade de dar uns pegas bem loucos e trepar até suar a última gota. E tem que ser com aquela pessoa, saca. É mais do que tesão, é paixão. Ficantes muitas vezes se apaixonam. Não é lá tão dramático.
Casais apaixonados não são fofos. Por vezes são nojentos, até incivilizados.
A paixão é, em grande parte, inofensiva. É a parte mais de boa, sem sofrimento.

Amor vem depois. Não sei se a paixão é uma passagem obrigatória ou se dá pra começar a amar alguém sem ter o desejo carnal. Imagino que não dê.
Gostaria de deixar claro que, no nosso vocabulário, faltam palavras pra nomear todos os tipos de amor. Amor de família é uma coisa, amor conceitual é outra ("Vish, eu amo meu trabalho!"), amor de romance é outra. Talvez ainda haja outro(s) tipo(s) que não me ocorre(am) agora. Estamos tratando do amor romântico. Aquele dos filmes e coisa e tal. Aquele que você sente por uma pessoa do sexo oposto (bom, depende de quem for você) e não aquele que você sente pela sua mãe ou seu cachorro.

Amar uma pessoa é, pra mim, colocar ela na sua frente. Não adianta vir com esse discurso pseudo-maduro que afirma que o amor-próprio vem primeiro e colocar o amante a sua frente é burrice e coisa e tal. Não sei se é assim com todo mundo, mas pra mim colocar a pessoa como prioridade é simplesmente incontrolável.
Talvez cada um encare o sentimento a seu próprio modo, vai saber.

Bom, colocando ela a sua frente ou não, o bem dessa pessoa é de muitíssima importância. Quando se ama, você tem toda uma carga extra de sentimentos pesados. Quando a pessoa tá na bad, você tá na bad. Quando a pessoa tá na nice, você tá preocupado em mantê-la na nice. Dizem que o esquema é levar tudo de modo mais suave possível, pra não tornar o clima tão pesado quanto ele é propenso a ficar.

O amor é duradouro. Se bem tratado, pode levar a vida inteira (e isso é cientificamente comprovado), mas isso requer muita paciência e esforço. Talvez não valha a pena. Tem tanta gente no mundo, como saber se vale grudar numa só, por melhor que ela seja?
Bom, eu já li em algum lugar depoimentos de um senhor casado há trocentos anos. Ele dizia como era única a sensação de ter alguém que te entende de cabo a rabo, por vezes mais do que você mesmo. Dizia como os dois, juntos, já eram praticamente um "dois-em-um" e como era confortável a vida ao lado da senhorinha dele. Achei comovente.
Mas eu nunca amei ninguém por toda a vida (pasme você), então não saberei dizer se vale mesmo a pena ou ele estava sendo exagerado. Posso dizer com certeza que, estando com quem se ama, dá vontade de fazer aquilo durar ao máximo. Provavelmente vale a pena.

Depois de muito tempo com a mesma pessoa, a paixão acaba. Mas não é o fim do mundo. O amor tá lá, aquele querer-bem. Paixão se reconstrói, se consegue de novo, se dá um jeito. O que importa mesmo não acaba sem mais nem menos, e eu acho isso muito bonito.

Assim, de cara, o amor parece algo ruim. Parece uma espécie de maldição que te prende numa pessoa e te faz sofrer por ela. Mas, depois que você já entrou e já saiu dele, entende que não é bem assim. É muito difícil explicar, mas você simplesmente sabe que valeu a pena. Que aquelas boas lembranças, os momentos de conforto absoluto, aquelas horas em que eram só os dois e tava tudo certo, não faltava mais nada. Aquelas vezes em que você conseguia fazer a tal pessoa feliz e aquilo dava uma gratificação indescritível.
Ok, parei... Esse papo já tá me deixando bolado.

O que eu quero dizer é que o barato é tenso, o preço é salgado e o retorno não é garantido, mas lhe garanto que vale a pena.
É isso.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Da bada bada tu da ta ta... (8)

Ultimamente tenho enchido a cabeça com uma série de coisas abstratas. Me preocupando com marketing de bombons, mulheres abduzidas, nazistas alheios, matéria atrasada, relacionamentos, falta de ar e coisa e tal...
Pensei em postar sobre tudo isso, mas hoje em especial sinto-me inspirado. Talvez pela primeira vez da história desse blog, escreverei algo verdadeiramente útil para a vida de todos. Ensina-los-ei um dos conhecimentos ocultos de minha vida: Fritar ovos.

Veja você, fritar ovos transcende a simples necessidade básica de alimentação. Hoje em dia, ouso dizer que é mais que um conhecimento padrão, mas uma arte pessoal e intransferível. Cada indivíduo frita seu ovo como melhor lhe convier, e é assim mesmo que deve ser.

Imagino eu que fritá-los tenha sido a primeira técnica a ser inventada a respeito deles, os ovos. Afinal, quebrar e esquentar parece-me mais simples e óbvio do que esquentar sem quebrar. Entende?
Mas isso não é uma aula de História. Vamos ao que interessa.
Lembrando que este é apenas o meu modo de fritar ovos. Há variações de frigideira para frigideira.

Você vai precisar de:
Clique nos itens para melhor visualização.

Procedimento:
Ligue a música. Cozinha sem música não tem graça, na minha concepção.
Eu, particularmente, gosto de ouvir algumas músicas populares antigas do tipo que não fazem pensar muito. Skank, Djavan, essas coisas...
Ou Jack Johnson, mas esse eu ouço o tempo todo, então não conta.

Acenda o fogo. Espera-se que você use um fogão. Caso esteja usufruindo de uma fogueira ou método menos ortodoxo, tenha certeza de que a chama vai durar até o fim do procedimento. Um ovo meio-frito é até um tanto broxante.

Com a colher, arranque um generoso naco da manteiga e despeje sobre a frigideira. Divirta-se deslizando com a manteiguinha por toda a superfície interna da panela. Evite deixar qualquer espaço em branco.

Quando a manteiga terminar de derreter, quebre os ovos. Cuidado para não derramar a casca na frigideira. Ela gera surpresas desagradáveis na hora da ingestão do alimento.

Aqui entra uma parte que varia muito de gosto pra gosto. A gema.
Eu curto estourar a gema logo de cara com a colher. Faço dois furos em cada uma e deixo espalhar.

Esse é o momento de colocar o sal. Não se esqueça de colocar sal de novo quando virar o ovo. Isso é imprescindível.

Durante a fritagem, mantenha o ovo sempre em movimento. Por melhor que seja a manteiga, é bom para impedí-lo de grudar e facilitar a hora da virada.

Após alguns "TEC", "TSSSS" e "OUCH" já deve ser a hora de virar. Virar um ovo com uma colher sem rasgá-lo é uma tarefa incrivelmente árdua e requer milênios de prática. Os melhores mestres são capazes de virá-lo no ar, mas eu não sou um deles.

Não esqueça do sal.

Se achar necessário ou curtir um queimadinho, vire-o de novo.

Opcional:
Jogue uma ou duas fatias de queijo por cima do ovo durante o processo. Fica um S2 puro.




Bom, é isso. Espero tê-los ajudado um pouco no caminho da vida.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Oh, watch out strange kind people! Little red rooster is on the prowl

Rei Dourado, o último dos moicanos, venceu. Agora ele irá estabelecer o Quarto Reich e dominará a todos nós, meros desafortunados genéticos, com seu poder absoluto superior. Yey!

Sim, eu estava torcendo pro Dourado. Mas só porque isso não vale nada. Esse reality show que começa a partir de nada e termina indo pra porcaria nenhuma não tem nenhuma utilidade real, exceto encher ainda mais os bolsos da Globo. Por isso posso me dar ao luxo de torcer para o lado mais divertido.

Mas é claro que eu não votaria para o grande Dourado para presidência ou sequer pra vice-chefe do clube do Bolinha. Ele é o tipo de homem que se enquadra perfeitamente no perfil do estereótipo que batizei carinhosamente de "homem-macaco" ou "símio-alpha".

Um símio-alpha é, infelizmente, o manda-chuva da parada. Durante a maior parte de sua vida, o homem-macaco exercitou seu físico, de forma que nenhum outro macho infeliz venha clamar por seus domínios. Apesar de todo o blablablá e das várias falsas ideologias que assolam nosso ingênuo mundo contemporâneo, o homem-macaco sabe que, no fim das contas, o que contam são os músculos.
Os músculos lhe trarão a glória, o poder e as mulheres. Admitam elas ou não.
Durante a outra parte de sua vida (a menor), ele procurou por uma ideologia. Qualquer espécie de pensamento hierárquico onde seus músculos serão não só filosófica, mas oficialmente úteis.

Há exceções, mas a grande maioria está em bandos como skinheads, militares, policiais e faixas pretas de artes marciais diversas. Não é difícil encontrar um primata disfarçado de homem tocando moral com sua falsa cabeça-fria e seus padrões estéticos primordiais.
Pique "Eu não gosto de brigar, mas ontem quebrei cinco caras na balada porque eles tavam usando a mesma camisa que o meu brother."

Mais que uma fase ou moda recente, ser um símio-alpha é um estilo de vida. E, por mais que nós encontremos discrepâncias ou nos revoltemos com seu modo estúpido e primata de pensar, temos que admitir que é um estilo que funciona muito bem.
Chefe Dourado está em casa com um milhão e meio de reais entregues alegremente pelo povo brasileiro.

Funcionar, funciona. Só não é pra mim.

domingo, 28 de março de 2010

There ain't nothing but my troubles

A mente humana é muito interessante porque está sempre evoluindo, né?
Você vai lá, aprende uma parada, continua vivendo e pá... E de repente você pensa "Putz, que parada legal essa que eu faço. Quando foi que eu aprendi isso, afinal?", mas nunca lembra porque foi tão automático e, as vezes, paulatino, que não deu pra notar.

Pois é, hoje reparei que recentemente aprendi a falar tchau para mulheres no MSN. Pourra, mulher é um bicho tão esquisito que até pra falar tchau tem uma sutil burocracia.
Quando eu era muleque e não sabia exatamente como lhedar com elas (como se soubesse agora), eu falava tchau como se fala tchau pra qualquer xarope, né.

"Flwz!1!"

Aí eu fui crescendo (intelectualmente falando) e percebi, pasme você, que só falar tchau como qualquer xarope não tem o menor charme. Passei a mandar beijos. Nada comprometedor, claro. Mandar beijos é a coisa mais e comum do mundo.

Aí que entra uma complicação que iniciou-se na minha época otaku (convenhamos, é bem claro que eu tive uma). O uso de emoticons.
Para mandar um beijo de despedida para uma mulher sem emoticon, é muito fácil. "Beijo" ou "Beijos!" dependendo do nível de comprometimento.
Mas quando você usa emoticon pra tudo, é óbvio que deve-se usar para se despedir também. Aí fodeu.
Entra a tal questão: Quantos asteriscos eu devo usar?

A Kami, que por sinal veio falar comigo hoje, é uma moça com quem eu sempre me dei muito bem. Com ela era altamente normal eu utilizar três asteriscos e nada mais, nada menos. E nunca tive problema com isso.
Mas agora fico pensando que talvez eu devesse usar menos asteriscos.
As vezes Kami utilizava três. Aliás, foi ela a primeira a usar três, então me senti a vontade para usar três também. Em dias de maior afeto, chegava a usar mais de dez. Mas tinha vezes que ela usava dois, um ou nenhum.

Resolvi isso de uma forma simples. Utilizava um asterisco para uma menina que eu havia acabado de conhecer, dois para uma mais íntima e três em raríssimos momentos.
Hoje sei que esse não é o melhor método.

O melhor método, na verdade, é muito simples. Nunca mande mais asteriscos do que receber.
E que isso sirva como uma lição pra vida inteira.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sitting on the bed or lying wide awake

652 contatos e ninguém pra conversar... MSN, você me desaponta.
Aliás, eu tô começando a achar que o problema é comigo.


Falando em inutilidade social, criei um Offspring também. :)
Façam-me perguntas indiscretas enquanto protegidos pelo anonimato! :D

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ninguém sabe o duro que dei

O título é o nome de um álbum que o Fred copiou pro meu PC. Nem ouvi todas as músicas ainda mas, cara, o nome é muito bom. A título de curiosidade, o cantor chama Wilson Simonal.

Pô, puta vontade de postar uma música. Nenhuma em especial, só uma música qualquer. Mas sei lá, dá um puta trabalho pra achar uma só daquelas que tocam em blog. Eu queria colocar uma tracklist inteira aqui, tá ligado? E, por "aqui", eu me refiro a esse post, não ao Sburbles em geral.
Então já que eu não vou fazer isso, apenas finjam que eu fiz.

Finja que agora você está escutando aquela "Reason to Believe", que eu postei aqui outro dia. Agora finge que eu troquei por um cara de voz grave com um violão cantando diversas músicas nacionais e errando a letra várias e várias vezes.



Meu pai toca pra caralho. As vezes dá a louca nele e ele vai quietinho até o quarto da minha irmã, pega o violão e começa a cantar umas músicas pop antigas, daquelas que todo mundo sabe a letra. Infelizmente, ele não sabe. Eu só não digo pra ele que, se ele se esforçasse um pouco pra decorar a letra, seria melhor do que muito neguinho que passa na TV porque ele fica ofendido por isso. De qualquer forma, sempre que ele faz isso eu adoro escutar. De outro cômodo, fazendo outra coisa ou sentado de perna pro ar, que seja.

Minha mãe cozinha pra caralho. Se ela abrisse uma lanchonete, daria um pau em muitas outras que eu vejo por aí. Mas felizmente, ela já encontrou o seu hobby preferido. Artesanato. E, pasme você, ela é ótima nisso também.

Como eu não herdei nada disso desses dois, só me resta aproveitar enquanto ainda os tenho por perto.
Eu imagino a falta que esse pessoal todo de Campinas vai fazer se eu de fato prestar Oceanografia e de fato passar. Quanta história pra contar, rapaz...



Agora tá tocando Jack Johnson. Vai acompanhando, vai acompanhando!

Nesta área, imagine comentários sobre algo que não me é permitido comentar:
Caramba, eu tava em ####### no outro dia e ######## apareceu do nada ########. Puta que pariu, eu ####### cacete, ##########, mano. Aí ###### e eu, tipo, ########, porque ########. Porque ######### e meio que ########. O que me leva a ponderar sobre ########### quando #########. Talvez ######## mesmo. Aí ainda por cima ####### no ######. Minha cabeça ####### de artifício ####. Vai entender essas coisas.




Agora trocou pra Johnny Cash. Johnny Cash é rox, rapaz.

Dia desses uma dessas mocinhas fofinhas me evitou de forma inusitada, enquanto outra que vinha me evitando me chamou pra fazer alguma coisa. Sei lá, eu acho que essas menininhas fofinhas tem uns parafusos a menos, não é possível. Uma hora é uma coisa, na outra é outra. E tipo, juro que eu nem tentei dar em cima delas!
Ultimamente venho rascunhando algumas teorias sobre isso na minha mente conturbada. Parece-me que essas menininhas são um tipo de mulher que, por sua fofura, foram hiper-mimadas ou hiper-sacaneadas. Ainda não decidi qual dos dois se encaixa melhor.
Elas tem todos os distúrbios mentais normalmente apresentados em mulheres, mas maximizados. Imagino que seja uma forma de auto-defesa antes que um (novo?) ataque de fato aconteça. Uma prevenção exagerada contra... Bom, sei lá. Contra qualquer coisa.

Ou talvez elas sejam fofinhas e tenham exagerados todos os distúrbios mentais normalmente apresentados em mulheres simplesmente por ter uma dose maior de estrogênio. Isso faria muito mais sentido.

Talvez o meu encucamento seja com mulheres em geral, e não só com as pobres fofinhas. Mas sei lá, elas (as mulheres em geral) insistem em se ofender quando eu digo que são todas umas loucas desconexas, mas nunca apresentaram um argumento contrário bem-estruturado. Vai entender essas coisas.




Me digam uma coisa, por obséquio. A falta de imagens nos últimos posts perturba vocês? Acham que ficaria melhor com elas, ou nem faz diferença?
É que os posts tem sido postados tarde. A ideia inicial é colocar imagem em todos, mas no fim dá a maior folga.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

To find the stories that we sometimes need

Pronto, eu tenho um plano.
Sim sim. Eu, aquele muleque que nunca tem nada sob controle, tenho um plano.
Um plano de um ano, que vai revolucionar minha vida pra sempre e vai me permitir não ter que fazer planos por um bom tempo.
Mas pra dar certo dessa vez, eu preciso me concentrar. Vou ter que sacrificar um monte de coisa pra ir com isso até o fim, mas fazer o quê? Tudo tem seu preço.

Não, eu não vou deixar ninguém no suspense. O plano é passar em Oceanografia. O curso vai ser em algum litoral. Depois de formado, eu terei meu próprio barco e nenhum emprego fixo. Isso é que é vida.
E, olha que emocionante, quando chegar o fim do mundo em 2012, vou ser um dos primeiros a dançar. :D
Isso significa um ano de estudos quentes e abolição de várias atividades rox. Mas é isso, preciso de foco. Também significa ficar longe dos meus amigos e de grande parte de tudo o que eu conheço. Mas eu volto pra visitá-los, com certeza.

Não sei se tenho mais de um leitor nesse blog (oi Dok!) mas, em todo o caso, esse post vai ser grande. Espero que o meu leitor solitário tenha paciência pra ler tudo (ok Dok?).
É uma série de contos que eu escrevi nas férias, deixei salvo como Rascunho e esqueci de postar.


Esse é o conto que eu prometi em outro post. Aquele que eu li num livro de contos e achei muito legal. Ele chama

Tudo está bem quando acaba bem.
Era uma vez um casal. Eles eram bem velhinhos e moravam num vilarejo pobre, um pouco longe do mercado.
Eles não tinham muito dinheiro, e todo o seu sustento vinha de um cavalo magro e velho que eles utilizavam em sua pequena plantação ou emprestavam aos vizinhos em troca de alguns trocados.

Um dia, logo após o café-da-manhã, a velha disse:
- Meu velho, vá ao mercado vender esse cavalo. Ele está ficando velho e logo irá morrer e nos dar prejuízo.


O velho então concordou e prontamente saiu com o cavalo.
No caminho, ele viu um fazendeiro vindo do lado contrário com uma vaca.
"Se eu conseguir trocar este cavalo por aquela vaca, a velha com certeza vai ficar muito feliz. Nós teremos leite fresquinho toda manhã!", ele pensou.

- Com licença, rapaz. - Disse o velho. - Você não quer trocar essa sua vaca pelo meu cavalo?
- Ora, mas é claro! - Disse o fazendeiro, que sairia ganhando muito mais com o cavalo do que com a vaca.

Ia o velho caminhando feliz com a vaca pela estrada de terra quando deu de cara com um homem e sua ovelha. Ele pensou consigo mesmo:
"Ora, mas uma ovelha vai me valer muito mais que uma vaca! Vamos tosar sua lã regularmente e, quando o inverno chegar, eu e minha velha teremos roupas quentinhas para nos aquecer. Ela ficará muito feliz, com certeza!"

- Ei, meu jovem. - Ele disse. - Você gostaria de trocar essa ovelha pela minha vaca?
- Puxa, você tem certeza? - Disse o jovem.
- Mas é claro. Creio que eu e minha velha estaremos bem melhores com uma ovelha, ao invés de uma vaca.
- Ora, então está bem.

E eles trocaram.
Ia o velho chegando no mercado com sua ovelha, quando viu um homem passando com um belíssimo ganso na coleira.
"Ora, mas que ganso gordo e bonito!", pensou o velho. "Se eu levar esse ganso para casa, poderemos engordá-lo mais ainda e, ao fim do ano, teremos um maravilhoso ganso assado! A velha ficará exultante, com certeza!"

- Com licença, você gostaria de trocar esse ganso pela minha ovelha? - Perguntou o velho.
- É pra já! - Disse o homem sem pensar duas vezes, pois sairia ganhando muito mais com uma ovelha do que com um ganso.

Mal havia o velho trocado o ganso, quando viu uma galinha muito engraçada num poleiro do mercado. Ela cacarejava para os que passavam, mas não saia do lugar.

- Minha nossa, que galinha engraçada! Minha velha com certeza se divertiria muito com ela. Vendedor, você não gostaria de trocá-la pelo meu gordo ganso?
- Puxa, mas que barganha! É claro que sim!

Satisfeito, o velho ia voltando para casa com sua galinha. No meio do caminho, parou para descansar numa taverna no meio do caminho. Lá, haviam estrangeiros. Ricos franceses que conversavam alto numa mesa enquanto tilintavam sacos de moedas.
Um deles se enturmou com o velho e acabou sabendo sua historia.

- Minha nossa! Então quer dizer que você começou o dia com um cavalo e está voltando com uma galinha? A sua esposa com certeza vai ficar furiosa! - Disse o francês, com seu sotaque afetado.
- Mas é claro que não. A velha com certeza ficará muito feliz com a galinha. Ela é engraçada e bota ovos! Tudo ficará bem, você vai ver.

Duvidando, os franceses fizeram uma aposta com o velho. Eles trocariam a galinha por um saco de batatas velhas, e o velho voltaria com as batatas para casa. Se a velha ficasse revoltosa, os franceses iriam embora com a galinha. Se ela ficasse satisfeita, eles dariam ao velho o equivalente em ouro do peso das batatas, além de devolver sua galinha. Com a certeza de que ganharia, o velho aceitou a aposta.

Ia voltando ele com os franceses quando a velha avistou-os:
- Meu velho! Você já está de volta, que alegria! Chegou bem a tempo para o jantar.
- É muito bom estar de volta, minha velha.

E eles se abraçaram calorosamente.

- E o cavalo, o que fez com ele? - Ela perguntou.
- O cavalo eu troquei por uma vaca.
- Ora, que maravilha! Com uma vaca, teremos leite fresco todos os dias para nós e para venda! Puxa, que troca maravilhosa!
- Mas eu não fiquei com a vaca. A vaca eu troquei por uma ovelha.
- Puxa, mas isso também é maravilhoso! A ovelha, além de também dar leite, nos dará lã para mantêr-nos quentinhos durante o inverno. Meu velho tem sempre a razão! Ele pensa em tudo!
- Eu também não estou com a ovelha. Eu a troquei por um gordo ganso.
- Ah, mas você sabe que eu amo carne de ganso! Com o tempo poderemos deixá-lo ainda mais gordo, e eu farei um cozido caprichado para nós dois. Ah, mas que belezura!
- Mas o ganso eu também não tenho mais. Eu o troquei por uma galinha engraçada.
- Ah, é aquela galinha do mercado? Nossa, mas eu sempre me divirto tanto com ela. Será muito bom tê-la aqui conosco. Ela irá cacarejar para todos os passantes, além de nos dar ovos! Nós poderemos fazê-la chocá-lo e teremos mais galinhas, que poderemos fazer chocar mais ovos e em algum tempo teremos uma granja! Puxa, mas que ideia maravilhosa! O velho pensa em tudo.
- Mas a galinha eu dei a esse grupo de franceses. Em troca, eles me deram este saco de batatas velhas.
- Ah, mas que coincidência! Pois hoje mesmo eu ia cozir algumas batatas para o jantar, quando notei que não tínhamos o bastante. Eu fui pedir a Maria das Flores, aquela mesquinha filha do farmacêutico, e ela disse que não tinha o bastante nem para ela mesma. Agora ela vai ver! Com essas batatas, eu vou poder fazer o nosso jantar, e irão sobrar algumas para eu levar para ela amanhã. Ela com certeza vai ficar com a cara no chão, hahaha!

Espantado, um francês falou:
- Mas o seu marido saiu de casa prometendo vender o cavalo e voltou com um saco de batatas velhas! Você ainda está satisfeita mesmo assim?
- Ah, minha criança. - Disse a velha. - Você não entendeu? O velho tem sempre a razão! Além disso, tudo está bem quando acaba bem.

Espantados, os franceses lhes devolveram a galinha, além de dár-lhes um saco de ouro com o peso das batatas. E partiram com os bolsos um pouco mais vazios, mas com uma lição e tanto para o resto da vida. Tudo está bem quando acaba bem.




É mais ou menos assim.



Um ser que prezava a transformação, a instabilidade, a liberdade de ser o que quiser quando quiser.
Num estralar de dedos, era um músico famoso internacionalmente. Num outro, era só uma estátua esquecida em meio a uma praça silenciosa.
Quando estava muito sentimental, era uma mulher. Quando queria recuperar a razão, era um homem.
Tomado por sede de diversão, o ser era um deus, dono de tudo. Tomado pela curiosidade, ele era tudo, um pouco de cada.
Ele era a menininha bebendo suco na esquina. Ele era um suco. Ele era uma esquina. Ele era um verbo. Beber.
O ser era o que quisesse, quando quisesse. Ele achava que era perfeito. Superestimava ao extremo suas infinitas capacidades.

Mas ele jamais seria estável. Jamais seria confiável.


Ontem eu vi uma pessoa interessante no shopping. Era um homenzinho velho, bem vestido, de cabelos grisalhos e uma bengala. Estava estático, encarando o vazio. Ele me disse que seu sonho desde pequeno era andar em todos os meios de transporte existentes. Eu perguntei a ele se estava lutando para realizá-lo, e ele me mostrou uma lista eletrônica em seu palmtop.
A lista era enorme, e nela estavam todos os meios de transporte existentes na atualidade. Eu ia passando pelos itens riscados enquanto ele me contava várias historias.
Ele já havia cavalgado lhamas nas montanhas, camelos e dromedários no deserto, elefantes, bois, cavalos... Golfinhos.
O homem levou semanas treinando em um circo para aprender a pilotar um monociclo. Correu em bicicletas de um, dois, três, quatro, sete bancos. Pilotou motos, lambretas, carros antigos, carros novos, carros de fórmula um e até tanques militares.
Ele vôou em monomotores, planadores, asadeltas, helicópteros e jatos.
O velho havia gasto uma década de sua vida estudando e se preparando para ser aprovado numa missão espacial que o levou a uma viagem de foguete pelo espaço.
Eu não conseguia pensar em qualquer tipo de meio de transporte sem que ele tivesse uma historia sobre ele.

Até que cheguei ao fim da lista, onde havia um item ainda não riscado. Um único transporte que aquele homem fantástico jamais pisou. Então eu entendi porque ele estava ali parado. Ele não estava encarando o vazio coisa nenhuma, mas a escada rolante a nossa frente.

Eu o incentivei a ir em frente e tomar a iniciativa que completaria a sua vida, mas ele estava inseguro. O velho ponderava sobre os perigos de uma escada rolante. Ele dizia que não se deve confiar numa viagem curta só porque ela é curta. Ele contava sobre as terríveis historias de pessoas que perderam os pés, ou até metade do corpo, engolidas por escadas rolantes famintas.
Eu podia notar que o velho suava frio.


A escada estava logo ali, totalmente vazia, rolando como nunca. E o velho não avançava. Eu dizia que seria simples. Tudo o que ele devia fazer era se manter no meio da escada e lembrar de dar um passo quando chegar ao final. Ele tremia, balbuciava frases sem muita coesão.

Então eu percebi. Não é da escada que o velho tinha medo. Ele tinha medo de completar a lista. Medo de não ter nada depois disso. Percebi que era um pavor totalmente plausível, esse que ele tinha. Era medo de perder o propósito.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quem são os seus superiores preferidos?



Assim como o ano de 2009, a enquete sobre os superiores (ou seja, moradores de Super World) acabou. Aqui vão as colocações:

Em terceiro lugar...
Gam e Não consta na lista, com sete votos cada!
Fico me perguntando qual é o maldito personagem que vocês votaram que eu esqueci de colocar na enquete. Tô achando que eu não esqueci é nada e vocês tão de sacanagem comigo mesmo.
No mais, também não sei o que diabos viram no Gam. Vai entender...

Em segundo lugar...
Fye, com oito votos!
Sim, eu também adoro esse personagem. Ele tem um certo charme, na medida do possível (ou seja, na medida do que eu posso alcançar como escritor).

E em primeiro lugar...
Blaze, com incríveis nove votos!
Quem imaginaria? Sei lá, eu gosto desse personagem também, mas tem tantos outros mais legais! Fiquei verdadeiramente impressionado, assim como o próprio Blaze (o de verdade). Prometo que farei o possível para não estragar o que quer que ele tenha de tão especial.

Outros personagens que conseguiram votos significativos foram Galhards (e eu achava que ele estaria no pódio) e Danilo, com seis votos cada.
Um que eu botava fé era o Justiceiro, mas o coitado ficou com a mesma quantidade de votos que o cachorro do Marms, o Freud. Que loucura!




No mais, vou aproveitar essas férias e escrever mais! :D


Aqui, quem leu aquele post sem sentido que eu fiz há pouco tempo? Aquele que terminava com um cachorro-pinto e tal.
Então, a continuação daquilo foi a seguinte... Eu fui dormir, acordei e raspei o cabelo. :D


sábado, 2 de janeiro de 2010

Hoje ele acordou...

Essa é uma paródia do post que o Jow escreveu no blog dele. A minha versão personalizada. :D



Hoje eu acordei e não era mais 2009, hoje eu acordei e o ano tinha mudado, hoje eu acordei e percebi que ia levar mais uns seis meses pra eu ser maior de idade. Hoje eu acordei e vi que o Sol continuava a mesma coisa, eu continuava a mesma coisa e o ar continuava exatamente igual. Acho que era perceptível que seria um ótimo dia, já que me acordaram três vezes batendo a porta e gritando no pé do meu ouvido. Agora que eu finalizei o ensino regular fico lembrando quando mudava o ano e ia pra escola, sempre errava na data ou na série, colocando a anterior ou a anterior dessa, era um inferno até eu acostumar, mas sei lá parece que tudo vai ser diferente, mais do que 2009 já foi.
Hoje eu acordei e vi que era tarde pra cacete, vi que o almoço já tava acabando e que por mais estranho que pareça eu não tinha absolutamente nada pra fazer ou pensar. Hoje eu acordei e percebi que esfriar a cabeça foi a melhor coisa que eu fiz, se concentrar um pouco em porra nenhuma e se desligar das coisas por várias horas, acordei e percebi que 2010 tinha tudo para ser um bom ano com nenhuma amizade, porque eu tenho que estudar que nem um porco. É 2010 vai ser um ano difícil pra caralho.
Mas... Hoje eu acordei de um sonho bom, só não lembro como era.
Hoje eu acordei em 2010.