domingo, 30 de novembro de 2008

Because he's loving all the ladies but the ladies don't love him at all.

Gente, a pergunta final do último post foi só pra saber o ponto-de-vista de vocês sobre o fato. Eu me dou muitíssimo bem com o meu pai e aquele evento foi absolutamente comum e inofensivo! x)


Deixando aqui os merecidos créditos ao autor desta magnífica obra, Marmota.
Parabéns, essa é uma das melhores cartas (Y)


Agora, vamos falar sobre o Cox. Grande cara, esse Cox. É verdade, ele não te deixa na mão e nunca abusa da boa vontade de ninguém. A não ser que você seja uma menina japonesa no ginásio e solteira. Nesse caso, te aconselho a manter distância. Uma distância bem grande. Bem, bem grande. CORRA. E mantenha-se longe dos mercados também! É o habitát preferido dessa fera insaciável! Bom, continuemos...

Indo contra o que eu falei em outro comentário por aí, acabei fazendo mais um post sobre uma pessoa. Dessa vez é um amigo que todos nós, sem excessão (nem mesmo as meninas, nem mesmo os pais, nem mesmo a ingrata natureza), adoramos zoar. Não me responsabilizo pela veracidade de nenhuma das sacanagens tratadas aqui. Se você é do tipo de pessoa que gosta de levar tudo o que lhe for conveniente ao pé da letra só pra depois esfregar na cara de alguém com palavras do tipo "AAAH, VOCÊ É BOBO. TÁ NO BLOG DO GAM, RSRSRSRSRS. EU LI TUDO, AGORA VOU TE ZOAR PRO RESTO DA VIDA!"... Bom, se você é desse tipo de pessoa, por favor faça isso na minha frente. E me arranje uma câmera, também.

Para os que sacaram a piada da ingrata natureza e estão agora se perguntando o que diabos ela fez com o pobre Cox, eu vos digo. Ele não só nasceu com um peito faltando, um nariz compensando isso e uma arcada dentária avantajada, como é incrivelmente magrelo e de voz esganiçada.
Fosse só por isso, o Cox poderia na pior das hipóteses levar uma vida perfeitamente tranqüila como "amigão auto-depreciativo com cara de bobo que gosta de beber". Mas aí entra o grande problema... O Cox é um cara sério! Tá, eu não usaria a palavra sério. É um metaleiro rabugento. Sem contar que ele não agüenta meio copo de bebida...
Graças aos céus, é um homem cheio de esportiva pra agüentar as nossas sacanagens. Mas, por outro lado, fica esperando a mais ínfima e oculta possibilidade de te zoar de volta.

"Ah, só isso? Eu esperava um post sobre um cara extremamente excêntrico ou, no mínimo, com um maior potencial destrutivo". Não, rapaz, não é só isso! Talvez o elemento em questão realmente não tenha um grande potencial destrutivo, mas eu vou te mostrar o quanto alguém pode ser excêntrico.

Nós também zoamos o Cox pelo seu gosto deveras original por... Tudo. O Cox gosta de meninas mais novas, literatura estrangeira e música de baixo calão.
Tá, deixa eu tentar me expressar melhor... O Cox gosta de meninas abaixo de 12 centímetros anos, mangás yaoi (gays, literalmente falando) e Jonas Brother's Band.

Não satisfeito? Além de assistir Gossip Girl (que, apesar de tosco, não é grande coisa para se zoar alguém) ele há pouco tempo revelou que também assiste Brazil's Next Top Model.
Não que eu tenha algo contra um reality show nada original extremamente fútil com o propósito de encontrar mulheres que se assemelhem ao máximo com um poste e que consigam se mover apenas pela força do pensamento, desafiando todas as leis da física que impediriam alguém composto só de ossos secos a ficar de pé. Na verdade, o problema está em um machão com pose de metaleiro assistir essa desgraça.

Essa semana minha mãe viajou. Como meu pai trabalha de Segunda a Sexta e só está em casa a noite, não teríamos (eu e minha irmã) ninguém para nos levar para a escola. Por isso, procuramos alojamento por aí.
Pois é, eu fui pra casa do Cox. Com isso toquei em seu maravilhoso e brilhante baixo novo, joguei video-game com o irmãozinho dele e juntei material o bastante pra zoar legal. Mas Cox, não leve nada disso a mal. Brigadão pela estadia!

Eis que um dia estávamos eu, Joseph (o maringuense), Amorim (meio boliviano, meio japonês)(qualquer dia tratemos dele aqui) e Cox andando na rua. Passávamos despreocupadamente em frente a escolinha primária Tom & Jerry quando Cox, em sua ingenuidade e completa desatenção quanto a sua posição de "pedófilo da turma", aponta para dentro dos portões da escola e berra, indo contra todos os padrões da ética, bom senso e discrição:
- NOSSA, OLHA QUE GOSTOSA AQUELA MENINA SENTADA ALI.
Isso me lembrou imediatamente de uma outra ocasião, cujo relato se encontra em itálico no fim deste mesmo post. Mas agora, retomemos a narração...
Será que existe alguém em sã consciência nesse mundo que não seja o Dalai Lama e que não zoaria um rapaz que se coloca nessa situação? Me diz, existe!?
E foi assim, zoando o Cox, que terminamos nossa jornada até a casa do Amorim.


Já tínhamos chegado e estávamos lá estudando matemática com uma lista apelativa e progressivamente indecente. Nisso o Cox diz:
- Vamo pro próximo exercício então.
E o Amorim (perceba agora que o Amorim se trata de uma daquelas pessoas divertidas que parece estar alta em 100% do tempo):
- Let's go to the next, then! The next exercise. The brazil's next top model.
Vamos ignorar o fato de esse texto não ter feito o menor sentido sob vários aspectos e nos focar na próxima parte do diálogo, quando o Cox ingenuamente disse "Eu assisto". Podemos? Ok, vamo lá.
É aí que o Cox diz, ingenuamente:
- Eu assisto.

É óbvio que ele gastou os próximos cinco minutos tentando negar vêemente essa declaração, mas já era tarde. Oh Cox, você se incrimina.

E então, enquanto eu lia um livro super agradável (sim, em breve faço um post sobre ele...), o Amorim contatava o Habbibs (bom observar o curioso fato de que para isso ele teclou Redial)
e Joseph tentava ouvir uma agradável espécie de rock em seu celular, que Cox nos assusta todos com sua banda do momento: .............
Essa é a hora em que eu diria o nome da banda. Mas por se tratar de um nome coreano escrito com aquela escrita coreana (kanji?), nós nunca saberemos qual é. Tratemos por ............., ok?

Pois é, ele colocou ............. pra tocar. E como o celular dele era mais alto que o do Joseph, acabamos tendo que ouvir .............. E nossa, ............. é MUITO enjoado. Imagine os Back Street Boys. Ok, imaginou? Agora, tente lembrar da Angélica e todas aquelas pessoas totalmente randomicas e esquisitas que ela chamava diariamente. Calma, não perca os Back Street Boys de vista! Conseguiu lembrar mais ou menos o tipo de gente minimamente estranha que a menina chamava pro seu show diário? Pois é, some aos Back Street Boys (ainda tá com eles aí?) esse nível de excentricidade. Agora puxe um pouco os olhos deles, coloque alguns dos membros sob bronzeamento artificial e chute para o outro canto do mundo.
Agora estufe o peito, vá adiante e imagine um clipe! Lembrando que os métodos de filmagem e concepção de arte do outro lado do mundo são ligeiramente deturpados em relação ao americano (que seria o que estamos acostumados). É isso. Isso é .............. É isso que o Cox ouve. É isso que ele coloca pra tocar em alto e bom som. Uma freaking korean boy band.

Sabiamente, alguém (cujo quem não lembrarei agora) comentou:
- Isso lembra Jonas Brother's Band.

E ficou por isso mesmo. Não sei se o Cox ouve Jonas Brother's Band, eu admito. Mas não deixa de ser perturbador.


Não satisfeito, colega? Tudo bem, tudo bem, tem mais. O legal sobre o Cox é que ele é um grande baú de zueira saudável. Aproveitando o tópico, tomarei a liberdade de contar uma história já antiga, mas sempre nova em nossas memórias. Vou terminar o post com ela, deixando claro o quão legal é zoar o Cox.
Mas não quero que ninguém pense mal desse meu amigo. Só por aturar esse monte de zoeira pra cima dele, percebe-se o quão gente boa o cara é.
Tudo bem, vamo lá...

Flashback effect.


Vuosh

Era o início da moda emo. O prazer de chorar por besteira, as calças xadrez e o sonho de um bando de muleques fedorentos tocando música no seu próprio telhado tinham acabado de se espalhar pelas mentes de várias meninas sentimentais ou com um mínimo senso de moda e de vários meninos com um único e sincero propósito de se aproveitar dessas meninas.

Movida simplesmente por essas besteiras da mídia, uma menina devidamente vestida com o seu All Star, sua própria calça xadrez, sua blusa milimetricamente excêntrica e suas meias berrantes estava sentada na entrada do cinema. Ela abraçava os próprios joelhos numa posição deprimente e quase penosa enquanto provavelmente pensava se valeria a pena borrar a sua maquiagem ou não ouvindo uma daquelas infinitas bandas ascendentes de nome esquisito e qualidade inaproveitável. Resumindo, tinha uma emo lá sentada no chão.

O Cox ainda tinha o cabelo até o ombro, uma blusa pesada e preta de uma banda qualquer por cima de outra blusa igualmente pesada de outra totalmente diferente, apesar do calor insuportável que devia fazer lá dentro (dentro daquelas blusas). Sua calça jeans com correntinhas penduradas, seu All Star preto e fones de ouvido denotavam claramente que se tratava de um jovem metaleiro mas, apesar de tudo isso, ele nada tinha contra uma bonita eminha. Cox tinha pressa. Ele havia sido deixado pra trás para comprar pipocas e o resto da galera já estava entrando na sala de cinema. Provavelmente o filme estaria começando agora e ele não queria perder.

O clímax da história é agora, onde essas duas figuras se encontram. Cox, em passo apressado, faz a curva para entrar no cinema e, ao virar a cabeça, repara na bonita e sem dúvida mais jovem garota sentada ali. Uma série de circuitos em seu pênis cérebro entram em ação em uma fração de nanosegundos e ele declara, puramente:
- Gostosa!
E é aí que ele percebe que, devido aos seus dentes frontais enormes que mantém sua boca sempre aberta, ele não só pensou isso (como de costume), mas também declarou em alto e bom som. O que inclusive fez a menina levantar a cabeça. Diante de tal constrangimento e imprevisto, Cox faz o que qualquer um em sã consciência faria no seu lugar (se é que uma pessoa em sã consciência se meteria numa situação dessas). Ele correu. Correu alucinadamente na direção em que seus pés já estavam virados. Correu com tudo o que pode para a sala de cinema, onde poderia se esconder no escuro. Ah, o escuro.

Eu caminhava e comia minhas pipocas. Eu sempre achei muito bonito segurar as pipocas só para depois que o filme começar, mas aquele cheiro de manteiga na minha cara e a fome sempre foram mais fortes. Eu caminhava calmamente e comia calmamente cada pipoca como se fosse a última. Ah, eu sempre soube como aproveitar a vida.
Na época meu cabelo não era cheio desses produtos químicos e vaidade. Ele era um asqueroso e respeitoso Black Power. E assim, balançando meus cachos que só por existir desafiavam todas as leis da física e moral, eu ia em direção ao filme. Lá vários amigos meus estariam me esperando. Menos o Cox, é claro, cujo o qual eu respeitosamente deixei pra trás para não perder o começo do filme.
Hei que, como um raio, o próprio passa por mim. Eu já estava naquele corredor final que levaria até a sala. Acho que o nome do local é 'corredor de acesso'. Sabe qual é, né? Aquele todo preto, com luz escassa e uma curva no final. Ah, a curva.

Cox estava histérico demais para pensar na curva. Mas a curva não ia esquecer dele assim tão facilmente. Ou melhor dizendo, a parede.

E foi assim que, com direito a pipoca, eu presenciei uma cena pra toda a vida.

Toda a estrutura do corredor tremeu e urrou diante do tamanho do impacto. O jovem Cox, ainda atordoado pela lei de Newton da ação e reação, vôou pra trás e estatelou-se caprichosamente no chão.

Ah, eu tomei meu tempo. Me aproximei no mesmo ritmo, comendo cada pipoca como se fosse a última e, de pé, fiquei ali encarando o rapaz que, naquela mistura de dor e risos que todo mundo já viu alguma vez, se debatia no chão. Foi o nascimento do termo que críticos sem saco pra algo mais complexo usariam pra falar sobre qualquer coisa minimamente relacionada a comédia. "Simplesmente hilário"

Até hoje me lembro dessa história quando entro em qualquer sala de cinema, seja lá onde ela estiver. E até hoje a repito para quem tiver a sorte de estiver por perto e quiser ouvir.
Ah sim, aqueles foram bons tempos...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Do you like tennis?

Por motivos sórdidos que posso até contar outro dia, faço aulas de tênis.
Não que eu não goste das aulas, não goste do tênis ou não goste do professor, mas eu definitivamente não sou o tipo de cara que acorda um dia e fala "Vou fazer aulas de tênis!".
Eu posso acordar com vontade de fazer muitas coisas, mas definitivamente nenhuma delas envolve esportes. Pelo menos não diretamente.

Mas, seja como for, eu faço aulas de tênis.
Hoje estávamos eu e meu pai sentados na arquibancada quinze minutos adiantados para a minha aula. O professor estava repassando saques para o aluno que vem antes de mim, eu estava lendo um livro (um livro muito bom, por sinal) e meu pai empreendia seu tempo com absolutamente nada. Hei que ele decide parar com isso e escolhe passar o tempo com a primeira coisa que lhe passa na frente.

- Me empresta esse livro?
- Mas pai... Não dá tempo de você começar a ler um livro agora.
- Tudo bem, eu só quero saber o que o meu filhinho está lendo.

Foi com muito desgosto que eu me desfiz daquela beleza literária, mas sim, eu o fiz.
Meu pai analisou a contra-capa do livro durante um tempo curtíssimo que eu tenho certeza que ninguém de mente normal conseguiria analisar um livro. Foi mais ou menos dois segundos. Aí ele largou. E largou do outro lado, oposto ao que eu estava.
E, com um olhar sereno de um homem de dezenas de anos de experiência, ele olhou para a cena dos saques a sua frente. Inspirou como quem vai dizer algo extremamente inteligente e útil, e disse.

- Pra sacar... Você tem que mandar a bola pra frente.

Em outras ocasiões eu teria visto isso como uma piada, mas a minha vida inteira de convivência com o homem me fez perceber que ele estava falando sério.
Por um instante pensei se eu tinha entendido errado, ou se havia algo extremamente sábio oculto por trás daquilo. Não havia.

- Pai... Você fez eu parar de ler pra me dizer que pra sacar tem que mandar a bola pra frente? - Assumo que eu tinha um certo tom de irritação na voz. Afinal, o livro é realmente muito bom.

- Eu só estava tentando ensinar alguma coisa útil pro meu filho... Mas tudo bem, desculpe. - E ele disse isso com um tom de melancolia, arrependimento e extremo desgosto.

Por um instante eu realmente considerei ficar com pena e voltar atrás. Aí reconsiderei.

- Tá desculpado. - Foi o que eu disse. E ele me devolveu o livro.



Sou um mau filho?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sempre em equilíbrio-bro, sempre em exercício-cio!

Penso, logo existo. Existo, logo devo procurar um sentido para a vida. Não encontro, logo devo deixar minha marca para provar que já estive aqui. Não deixo, logo escrevo. E escrevo porque falhei em deixar minha marca, falhei em existir, mas ainda posso pensar.

Logo, posto.





Eu tenho um primo que... Correção. Eu tenho vários primos. Uma infinidade deles espalhada por esse enorme país. Mas tenho um, em especial, que convivo mais que os outros. Esse é o Folx.
O Folx se chama Helder. Verdade seja dita, você se chama a palavra que usam para te chamar. Eu me chamo Gam, e não Guilherme. Guilherme é só meu nome. Então, corrigindo de novo, o Folx se chama Folx. Mas eu gosto de chamá-lo Dandão.

Dandão porque sua mãe, senhora minha tia, assim o chamava no tempo em que ele era pequeno e super-protegido. Acredito que foi um apelido de forma a enganá-lo com a ilusão de que ele era mais que uma criança inútil e super-protegida, que ele era um Dandão. Hoje ele continua sendo inútil e super-protegido, mas junto com a idade vieram hormônios masculinos que o impedem de aceitar tal apelido de passado tão sórdido. Obviamente, é por isso que eu ainda o chamo assim.

Dandão (ou Folx, como preferir) é um rapaz pensador. Não digo inteligente, pois assim estaria me referindo as suas notas. Não digo culto, pois assim estaria me referindo ao seu conhecimento. Não digo esperto, pois assim estaria me referindo a sua malandragem. Digo pensador, porque ele pensa muito. Com o conhecimento que tem e a capacidade analítica disponível, ele é um rapaz que pensa. Meu primo, assim como o resto daquela fração específica da minha família, vive em Volta Redonda - RJ.

A fração específica da família é composta por uma avó, três tios, três tias, três primos, quatro primas, um tio-avô, uma tia-avó e mais um punhado de gente. Variando o ponto-de-vista, também pode-se dizer que é composta por uma sogra, uma esposa, uma cunhada, um cunhado, um filho, uma filha, três sobrinhas, dois sobrinhos e por aí vai...
Resumindo, é uma família consideravelmente grande. E, talvez por coincidência ou talvez não, é lá que costumo empreender meus feriados, parcelas das minhas férias e, as vezes, fins-de-semana.
Logo entende-se quando digo que, apesar de gostar da família, não gosto muito de ir pra lá. Dá-se isso devido as intermináveis cinco horas de viagem e de uma variedade de afazeres menor do que aqui em Campinas.

Mas estamos falando sobre o Folx. Em termos familiares, ele é o fruto da união da senhora minha tia irmã de meu pai com um rapaz direito (em ambos os sentidos) e exímio penteador de cabelo, apesar de careca. Mas isso também é outra história. Mantanha-mos o foco no Folx.

Por mais que eu seja contra o estilo de vida tipicamente adolescente do rapaz (skate, garotas, rock'n roll, yeah!) e de suas manias conservadoristas herdadas do pai (hora de ir pra cama, não comer na sala, "vou contar pra minha mãe!"), eu ainda apoio inegavelmente a sua mania de pensar. Mesmo que isso as vezes termine em conclusões que eu não concorde completamente, acho que é um ótimo exercício. E é só por isso que, apesar da enorme divergência de valores entre nós e da sua mania feia de fazer cara de emburrado e falar puxado, eu ainda respeito suas opiniões.

Dia desses ele disse "Você não faz nada além de jogar e ler!". É mentira, claro. Em Volta Redonda não me restam muitas opções além de jogar e ler, mas em Campinas eu juro que tento variar.
Eu não me esforcei muito para argumentar contra por dois motivos:
1) Justamente pela sua mania de pensar, Folx tem valores e posições muito concretas e é um saco convencê-lo de que está errado.
2) A idéia não é de todo ruim.
Pensando a respeito, a vida seria muito mais simples se eu pudesse resumí-la a jogar e ler. Pra começar, não seria de todo tedioso. Dentro das categorias "jogar" e "ler" podemos encontrar infinitas modalidades diferentes que variam do mais trivial livro fictício sobre bruxos e trouxas ao terrivelmente complexo e desafiador jogo da cobrinha (também conhecido como Snake). Se minha natureza não me levasse a ser tão sociável e (por que não?) romântico, juro que tentaria me adaptar a este simples, porém abrangente estilo de vida.


E isso imediatamente me levou a resgatar um pensamento relativamente antigo, que tive enquanto observava minha cachorra na sacada encarando com a mais sincera das curiosidades um enorme e desengonçado besouro. Era mais ou menos assim:
"A vida de um cachorro é perfeita."
O cérebro perfeito, não é? Complexo o bastante para sentir a mais sincera alegria quando vê o amado dono carregando um pedaço de bife e simples o bastante pra esquecer disso e se alegrar com uma coisa mais banal ainda depois que o dono foi embora com o bife.
Cachorros não se incomodam em ser idiotas justamente porque são idiotas demais pra isso. Eles sempre terão alguém pra lhes dar comida e bebida e sustentar assim sua fácil vida sob o Sol. E os que não tiverem quem lhes dê comida e bebida sempre acabam arranjando por aí, na rua. E eles com certeza não se preocupam se estão sujos ou cheios de doença. Um cachorro manco é tão capaz de ser feliz quanto um cachorro perfeitamente saudável, assim como um cachorro pobre e um cachorro milionário se divertem do mesmo jeito na lama.

E é por isso que eu brinco com a Madel, minha cachorra. Não é só porque ela é fofinha e irresistível, mas também porque ela emana aquela estúpida e sincera aura de diversão e simplicidade. Tô errado?